Motivação X Placar

Observando muito jogos percebi que normalmente o jogador se prende muito no placar para definir o grau de motivação, intensidade e confiança no decorrer da partida.

Obviamente ao estarmos ganhando transmitimos a sensação que estamos bem, tudo está funcionando e ficamos naturalmente mais confiantes, entretanto, o bom jogador, percebe o jogo de uma forma diferente que transcende o placar. Ele tem a capacidade de leitura de jogo mais complexa, onde o placar é apenas mais uma das “ferramentas”. O que pensar do jogo onde apesar de ter feito “vantagens” em todos os games, estamos perdendo por 3 x 0 ?

Ou em um set onde se esteve na frente durante a maioria dos momentos e deixa-se escapar o set no momento decisivo? São situações onde provavelmente estive jogando bem e pecando em detalhes no momento de definir as coisas…

Portanto, preciso usar o placar com sabedoria entendendo os motivos que levaram a construção do mesmo, podendo assim, mudar de fato o andamento do jogo. Existem placares que são “mentirosos” que não transmitem realmente o que está acontecendo no jogo, cabe então observar e detectar estes momentos e manter-se firme, jogando, lutando, pois…

O Saque

Começo nossa conversa de hoje com uma pergunta, qual é o único momento em um jogo de tênis onde posso executar meu golpe sem interferência do oponente?  A resposta parece óbvia, logicamente é o saque, porem está dando o valor e a importância que este golpe merece? Realmente, muitos jogadores ainda não descobriram o valor, a importância devida que um saque bem treinado, bem pensado vai produzir.

Ao iniciar a rotina do saque tudo aquilo que precede o momento, cada um deve ter sua rotina já que estamos entrando no ponto é neste momento que devo definir onde sacar, como e por que. A preparação o impulso e a velocidade final da cabeça da raquete complementada com o “coice” descarregando a energia da jogada. Se um jogador utilizar o saque apenas para iniciar o ponto despretensiosamente ele está abrindo mão de uma das ferramentas mais importantes que temos no jogo de tênis!

Existem muitas opções para iniciar o ponto com um saque de qualidade, podemos procurar o ponto fraco do oponente, tentar surpreende-lo sacando muitas vezes em cima do corpo. Se optamos por sacar no “corpo” e ver que isto funciona, alternadamente vamos explorar esta opção tão esquecida porem muito valiosa. Muitos jogos já foram ganhos com esta estratégia.

Não é necessário exaltar, todavia que as constantes variações de direção, efeito e velocidade de bola é uma “arma” poderosa para prepararmos o ponto já que o receber estará “estático” no local que escolheu receber e como conseqüência muitos poucos ainda são os tenistas super treinados como recebedores já que receber uma devolução que não ataca dará ao sacador oportunidade de iniciar o ponto em vantagem e quem sabe se o momento já for propicio, forçando um erro da segunda devolução.

Se confiar bastante no seu segundo saque, vez ou outra procure executar o ace angulado no revés do adversário. Procurar o ace no centro é sempre à melhor opção no sentido de força, angular o saque cruzado requer sacar com mais efeito que o faria no centro. Procure, porém sempre obter uma porcentagem alta de acertos de primeiro saque. Se tiveres uma raquete com encordoamento que propicie melhores saques, não esite em usá-la sempre, é um fator diferencial que pode dar uma vitória inesperada, faz parte do jogo. Mas lembre-se sempre: Sacar eficientemente requer que se treine, mas treine muito, aí é só concentre-se e fazer o que treinou e perceba a diferença!

Segundo Saque

“Você conhece um jogador ao observar a eficiência ou ineficiência de seu segundo saque”? Cresci ouvindo esta afirmação muitas vezes por falta de experiência e idade não percebia a complexidade desta afirmação!

Ao se deparar com a necessidade de sacar com o segundo saque, o jogador encontra-se pressionado por ser sua última chance e, com o agravante do jogo estar parado, ou seja, muitos pensamentos indesejados podem surgir na cabeça. Não permita que nada, absolutamente nada perturbe seu foco no saque, o sol, o barulho de torcida, as ‘provocações” de seus adversários. Foque no que tens a fazer e faça-o!

Aí é que reside a diferença, quando o jogador domina o segundo saque seguramente já desenvolveu uma boa técnica e principalmente atingiu um nível de concentração e confiança neste golpe que permite executá-lo sem haver a pressão por ser sua “última” bola e não permitir nenhum motivo para atrapalhar-se.

Hoje em dia vendo os grandes jogos na TV ou ao vivo cada vez mais vemos os atletas de nível fazerem de seu segundo saque uma “arma” tal a perfeição que alcançaram com treino exaustivo. Seu segundo saque deve ser tão ou mais “devastador’ que o primeiro. Se o seu segundo saque é ainda aquele “famoso” to, tó só resta uma coisa a fazer; treinar e treinar muito.

Com meus alunos continuamente dou prioridade ao segundo saque. Um jogador que confia e domina este golpe sente-se muito mais seguro, confiante e “solto” para sacar o primeiro exigindo mais do oponente buscando a vantagem na devolução se a bola “voltar”. Inicialmente se o primeiro saque não “entrou” é colocar o segundo saque em jogo objetivando sempre dificultar ao máximo a vida do oponente variando efeitos, direções e velocidade da bola. Treine (mas treine muito) seu segundo saque e posso dizer com absoluta confiança, você colherá muitos bons frutos. Bons jogos!!!

Lá se vão mais de 20 anos

Hoje refletindo como que passou um filme em minha mente sobre a trajetória de vida desde que fui jogador de tênis, minha vida como técnico como um flash em um relâmpago passageiro relembrei que lá se vão mais de 20 anos…

Como técnico, jogador após jogador, sonho após sonho, milhares de horas dedicadas ao esporte que tomou-me por inteiro. O tênis entrou em minha vida de forma indelével, permanente, faz parte de meu ser como uma segunda pele. Mesmo ante muitas frustrações e derrotas que apareceram nada me deteve nada se iguala as inúmeras conquistas. Cada uma com um colorido especial, um valor e significado muito peculiar.

O significado mais particular é que todo envolvimento com o tênis tem um custo não só de “suor cerebral”. Porque tênis requer uso da inteligência mas também é comparável aquelas maratonas de horas e horas em quadra tipo custo/beneficio, onde grandes esforços produzem grandes respostas. Certas lembranças nos enchem o coração de vida, alegria, beleza e esperanças. Creio até que uma das grandes sabedorias da vida que vemos é quando você se permite ser sempre positivo consigo mesmo e com os outros aí o horizonte apresenta-se com aquelas cores inconfundivelmente atrativas.

Olhar para todas as coisas boas e felizes que temos a graça e benção de poder vivenciar em meio a tanta gente bacana e aguerrida que conhecemos heróis do saibro é digno de recordar. Não nego, quando vou dormir muitas vezes ao deitar a cabeça no travesseiro tenho dentro de mim orgulho de estar cumprindo o dever com este esporte.

A motivação ao despertar que muito ainda há por ser feito é um alento. Classifico como maior e melhor combustível a cada nova manhã refletir sobre cada criança, adolescente, jovem e suas famílias com tantos objetivos, sonhos e possibilidades inúmeras. Sim, a principio tudo pode ser apenas possibilidades, perspectivas, nada garantido!

Mesmo assim, o esforço e a dedicação sempre acabam recompensando aqueles que vão atrás, lutam, treinam, insistem e insistem acabam colhendo resultas que muitas vezes após tantos anos ainda nos surpreendem tamanho são os feitos que conseguem. Redijo este post exatamente quando vejo Roger Federer com seus 35 anos conquistar seu 18º Grand Slan no Australian Opem justamente superando Rafael Nadal de 30 anos, o touro de miúra do qual Federer não ganhava há cinco anos. Qual a lição? Treine, lute, persevere, acredite!

O esporte tênis tem isto de especial, é um esporte solitário, individual por isto é importante seu crescimento mental e fortalecimento com as vicissitudes do esporte. Tenha uma certeza, todos aqueles que te amam tem grande valor para apoio, incentivo. Sejam seus familiares, amigos, professores e técnico. Agora o seu crescimento psicológico/mental exige muito de sua dedicação pessoal/individual como atleta.

Eu e minha equipe de professores de primeira linha valorizamos muito aqueles que mais se esforçam, se dedicam e se superam porque que não é fácil, mas se estes fazem toda a diferença outros também podem. Muitos há que exigem mais de si mesmos e da gente, mas isto no final nos é um bálsamo, é muito bom sermos recompensados ao ver a garra e dedicação de cada atleta que faz por merecer nosso esforço. A vida nos ensina que, os que se esforçam em superar-se e buscam melhorar sua performance como recompensa colhem resultados que falam por si.

Juventude disciplinada! Apenas tratando de perseverar! Foco no futuro, na escalada, na conquista. Foram tantas crianças que chego embananar-me com os enredos, entretanto uma certeza, os valores foram transmitidos. Lidar com derrotas, vitórias, medos e inseguranças forja nossa vida e de nossos atletas e muitas vezes da família.

Percebo que cada vez mais me fortaleço quando trabalho duro e me dedico… Minha força é diretamente proporcional ao meu esforço! Prontos para a vida que virá. Gostaria de poder fazer mais, ter mais apoio, suporte, saber que alguém acredita no trabalho….Por enquanto somente poucos centros de treinamento tem grande estrutura e sorte de terem alcançado grandes apoios financeiros. Mas vamos em frente, acreditando.

O que ainda me motiva fortemente é contar alguns excelentes profissionais que tenho em minha equipe, isto sim dá gosto trabalhar com gente assim, gente competente, honesta, ética e trabalhadora, ouso dizer, isto sim tem valor “impagável” trabalhar ao lado de bons profissionais, pessoas que vivem o tênis de corpo e alma.  Os tenistas que encontram e convivem com profissionais deste quilate podem ter a certeza que um serviço de muito boa qualidade será entregue. Seguimos em frente, a estrada da vida é longa.

Vamos lá, firmes e fortes, nunca parando para esperar, mas sempre esperando aquele momento em que o “empurrão” venha em nossas costas. Sem opor resistência, prontos, atentos e dispostos vamos lá: Contribuir com o tênis! O jogo segue! PLAY! !!!